"Gostaria que as pessoas aprendessem a ser chefes de si mesmas."
(José Mujica, presidente da República Oriental do Uruguai, em entrevista à Revista Veja de 29 de setembro de 2010.)
Não deixa de ser uma declaração curiosíssima para um político socialista. Estaria ele - que parece ter vida modesta e coerente com o discurso da esquerda, visto que vai de carona para o trabalho e tem apenas dois Fuscas na garagem - defendendo a livre iniciativa? Ora, mostrou-se contrário ao estatismo. Apontou o risco de opressão que as grandes burocracias trazem consigo. Ainda, defendeu o aprofundamento da democracia e liberdade de imprensa. Realmente, muitíssimo interessante. Que o eco seja ouvido em todos os países em que a tentação totalitária paira no ar.
Mais do que isso: essa frase permite uma reflexão universal. Mujica crê que o homem não consegue fazer o melhor para si mesmo, e que, portanto, a raiz dos problema da sociedade está dentro de cada indivíduo. O sonho de um mundo melhor depende de não nos sabotarmos mais uns aos outros, ou até a nós mesmos.
Realmente, podemos reduzir todos os problemas que afligem os seres humanos em questões bem simples de egoísmo, ganância, preguiça, insegurança, violência e tantas outras pequenas e grandes falhas que carregamos.
O que seria necessário para que o homem seja "o seu próprio chefe"? Onde estará a mudança de mente que vai produzir essa revolução? Crer no ser humano? Só se for daquele jeito: sempre desconfiando.
Um comentário:
O que?
Discurso de esquerda e tem dois fuscas na garagem?!
Como é que ele não deu um dos fuscas ainda? rs
É muito interessante ver como algumas visões de mundo se entrelaçam. Também é interessante como acabam nos chamando a atenção aquelas visões que de alguma se relacionam com a nossa fé e visão de mundo.
Se eu não me engano, Lutero reduzia os problemas ainda mais: o que está no centro da nossa vida?
Jesus... ou as "epitemias"? (também conhecidas ou traduzidas como "maus desejos", mas que parece ter mais a ver como "super desejos", ou seja, desejos que se sobressaem sobre outros a ponto de estar no "epicentro" da nossa vida)
O interessante de sair dessa tradução de "maus desejos" para "super desejos" é que podemos verificar que mesmo coisas aparentemente "boas" como a família, os filhos, o trabalho, que não são "maus" em si, podem representar "super desejos" que tiram Jesus do centro. Talvez seja nesse sentido que Ele veio até para dividir famílias, irmãos, enfim...
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