3ª Parte – A Reversão
“Cristo recebeu com uma palavra de perdão aqueles a quem o mundo despreza, e que estão conscientes de sua culpa, e falou com severidade àqueles satisfeitos em si mesmos e que reprimem qualquer sentimento de culpa.”
A análise e o exame de cada uma de nossas ações e pensamentos pode facilmente se tornar uma obsessão. O apostolo Paulo fala a respeito em Rm 7.19 e 24, mostrando que a extensão dessas culpas. Se por um lado, essas culpas que conseguimos medir – coisas que fazemos – representam algo que nos afasta e separa dos outros – através de julgamentos – percebemos que somos todos igualmente perdidos e afastados de Deus por natureza. A culpa, que nos separava dos outros por causa dos julgamentos, pode nos mostrar o sentido verdadeiro da ação de Deus em nosso favor: a culpa de todos os homens é inata, e estão todos os seres humanos na mesma calamitosa situação. Essa culpa do “ser”, ao contrário da culpa do “fazer”, é o que pode unir as pessoas, facilitar seu relacionamento, abrir caminhos para o testemunho, fazer uma sociedade mais justa, uma igreja mais receptiva e acolhedora, entre tantas outras coisas.
O moralismo que muitas vezes as igrejas cultivam é exatamente o mesmo que pretendia matar Jesus por curar um homem no sábado. Quem sabe o moralismo, hoje, tenha sido reforçado pela influência de Kant, filósofo alemão do século XVIII, que desenvolveu o conceito de “imperativo categórico”: instituir uma moral autônoma, dando ao homem a capacidade de julgar por si mesmo o bem e o mal, independente da revelação bíblica. Isso reforça a idéia de uma religião de princípios e deveres, tão difundida no nosso meio, e que representa uma grande ameaça não só à salvação eterna das pessoas, mas também à sua saúde mental.
4ª Parte – A Resposta
O que separa o homem da salvação não é a culpa – fazer algo, como querem os moralistas – mas sim a repressão da culpa, a autojustificação, a justiça própria. Em termos de relacionamento interpessoal, é a diferença entre começar a solucionar algum conflito e simplesmente adiar a solução aguardando que o problema seja esquecido, ou tentar transferir a responsabilidade ao outro, como no caso de Adão e Eva.
A pessoa convertida e redimida por Deus não está abrigada do pecado culpa. Talvez seja plano de Deus que tenhamos essa fragilidade e saibamos nos reconhecer frágeis e totalmente dependentes, que nos arrependamos constantemente, que tenhamos ciência da nossa miséria e da santidade e poder de Deus.
“Foi para pregar a metanóia, esta transformação radical, o despertar da consciência e da culpa e a erradicação da culpa: a humilhação do orgulhoso e a restauração dos angustiados. Ela já foi de uma vez assegurada a nós e a todos os que crêem. Tudo já foi consumado.”
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