segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Breve reflexão. Ou não.

"Gostaria que as pessoas aprendessem a ser chefes de si mesmas."
(José Mujica, presidente da República Oriental do Uruguai, em entrevista à Revista Veja de 29 de setembro de 2010.)

Não deixa de ser uma declaração curiosíssima para um político socialista. Estaria ele - que parece ter vida modesta e coerente com o discurso da esquerda, visto que vai de carona para o trabalho e tem apenas dois Fuscas na garagem - defendendo a livre iniciativa? Ora, mostrou-se contrário ao estatismo. Apontou o risco de opressão que as grandes burocracias trazem consigo. Ainda, defendeu o aprofundamento da democracia e liberdade de imprensa. Realmente, muitíssimo interessante. Que o eco seja ouvido em todos os países em que a tentação totalitária paira no ar.

Mais do que isso: essa frase permite uma reflexão universal. Mujica crê que o homem não consegue fazer o melhor para si mesmo, e que, portanto, a raiz dos problema da sociedade está dentro de cada indivíduo. O sonho de um mundo melhor depende de não nos sabotarmos mais uns aos outros, ou até a nós mesmos.

Realmente, podemos reduzir todos os problemas que afligem os seres humanos em questões bem simples de egoísmo, ganância, preguiça, insegurança, violência e tantas outras pequenas e grandes falhas que carregamos.

O que seria necessário para que o homem seja "o seu próprio chefe"? Onde estará a mudança de mente que vai produzir essa revolução? Crer no ser humano? Só se for daquele jeito: sempre desconfiando.